segunda-feira, 16 de novembro de 2009

ai, tempo
faz de mim uma mulher de carne
e têmporas
de memórias palpitantes

faz de mim todas as dores
inventadas
desbotadas
que não cortam
nem arranham as entranhas
(e que não passam...)

faz:
velha minha pele dilatada
rugas em veias indolentes
e porquês vencidos com cantigas
de esquecer.

tempo, ai!
já deixei aberto o peito
pra você tecer a nostalgia...

inventa em mim um sentimento
de pedra galgada
faz de mim cor delicada

e ai, tempo
faz de mim
quase nada...

há em mim um lamento
urgindo ferrenho,
dizendo ignóbil...

quero ser um demente:
que basta, tempo!

uma pedra que fala
impune
e não sente
por consequência.

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