ai, tempo
faz de mim uma mulher de carne
e têmporas
de memórias palpitantes
faz de mim todas as dores
inventadas
desbotadas
que não cortam
nem arranham as entranhas
(e que não passam...)
faz:
velha minha pele dilatada
rugas em veias indolentes
e porquês vencidos com cantigas
de esquecer.
tempo, ai!
já deixei aberto o peito
pra você tecer a nostalgia...
inventa em mim um sentimento
de pedra galgada
faz de mim cor delicada
e ai, tempo
faz de mim
quase nada...
há em mim um lamento
urgindo ferrenho,
dizendo ignóbil...
quero ser um demente:
que basta, tempo!
uma pedra que fala
impune
e não sente
por consequência.
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