um bicho que era
não era
já era
um bicho que berra
beirando o berro
pés limpos de barro
catando cavaco
cavando buraco
cheirando suvaco
assoviando aquelas
músicas de animações
antigas...
mais que isso
aquilo outro
(a luz cansada
a mão no bolso)
atrás do oco
sugando o poço
até o caroço
o bicho frouxo
querendo segregar
o lixo
querendo se afirmar
um novo bicho
que já não era
arrebenta
a pauta do estomâgo
latindo aos escarros
aos terrenos baldios
que nunca tomavam sol...
até de repente
pedinte de dor
o bicho atravessa
rompante
e pedante: o bicho
se eleva arrastado
a carne dobrando
calando opaca
cobrindo as penas
pequenas
com corpo
sedento cedendo às cores
fingindo de morto
e chupando manga
e rompe
e vence
e vaia
as veias das estranhas
rompidas
p'ra ainda praguejando
e implorando
se ajoelhar
no outro mundo.
Um comentário:
Curto muito esses bichos urbanos radioativos que inventa e as vezes me coloca na pele de um deles. Dá aflição.
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