quinta-feira, 24 de junho de 2010

deitou e dormiu como se fosse muito
tarde
não me beijou não me olhou não me comeu
deixou o tempo romper um dia a mais.
quase não cabendo no canto que ocupava
da minha cama
coçou a bunda.
ninguém coça a bunda tão sobriamente
sem estar acordado.
rolou mais meio palmo pra longe da minha lingerie
infantil
passei a mente por todas as questões moralistas
e existencialistas
de amor e tempo,
e nenhuma teoria provavelmente furada tocou
meu coração.
além de tudo, mantinha os braços fechados contra o corpo
como se não quisesse sofrer
a ação de nenhuma força maior
capaz de desviar seu corpo
do cansaço.
e tinha também que nem roncava
e na altura dos fatos
não roncar podia se tratar de uma
desconfiança.
de costas pro meu apelo
continuou partindo o silêncio
com pequenos movimentos irregulares
e uma respiração que beirando o frágil
fazia tudo continuar.

Nenhum comentário: