já fiquei por ali mesmo. acho até que eu fazia cara de quem não ia sair.
pensei em acender um cigarro pra estabelecer essa idéia - de ficar mesmo.
era quase incomum que não tivesse nada pra tirar às pressas antes de deitar.
a cama tava vazia, acho que eu tava vazia.
tinha feito aniversário, de novo, afinal.
mesmo sem ter a sensação cortante de estar envelhecendo, bateu uma tristeza mesquinha, dessas que têm cor de desmaio, sabe?
por fim resolvi pegar o cigarro. não era nem meu.
tava com essa sensação meio que engasgada - que nada era meu ultimamente.
e ainda era o último. agora que já o tenho em mãos, sei que vai fazer falta mais tarde.
cigarro é coisa que quando acaba, deixa a gente assim, querendo mais do que quereria se tivesse. desconfio que quase tudo...
tomei remédio. pra curar o enjôo de mundo que eu tava sentindo. rezei baixinho pra dar sono.
lembrei de rezar pra minha vózinha, acho que ela tá com medo criado de morrer.
coisas essas que fazem tudo parecer pequeno. tipo coração partido, que nem o meu.
acho que eu tenho medo de morrer não, meu lugar no mundo é diminuto. o da vózinha é grande.
ela sabe mais que eu.
pelo menos de português, porque ela dava aula.
até ganhei, porque eu pedi pra não roubar, um dicionário desses grandões de capa dura azul, escrito aurélio de letras douradas e garrafais. mais de duas mil páginas de palavras.
nessas horas que a gente vê que entende nada.
nem a dor da vózinha, nem a minha... que é diferente.
aí o cigarro tinha acabado.
comecei a pensar outras coisas, até suspirei sem querer.
fiquei imaginando que eu era um barquinho. inventei até que eu era bicho, mesmo que isso eu fosse.
queria ser nada. coisa sem jeito, essa. sempre a gente é alguma coisa, mesmo que não se saiba precisamente, mesmo que seja coisa nenhuma.
até me incomoda um pouco essa idéia de vazio que as pessoas têm do vazio em si.
nunca acreditei que não ser não fosse. não ter não tivesse, etc...
continuava. porque tinha também.
por isso punha a idéia de barquinho em algum lugar bonito pra deixar correr.
pensei em acender um cigarro pra estabelecer essa idéia - de ficar mesmo.
era quase incomum que não tivesse nada pra tirar às pressas antes de deitar.
a cama tava vazia, acho que eu tava vazia.
tinha feito aniversário, de novo, afinal.
mesmo sem ter a sensação cortante de estar envelhecendo, bateu uma tristeza mesquinha, dessas que têm cor de desmaio, sabe?
por fim resolvi pegar o cigarro. não era nem meu.
tava com essa sensação meio que engasgada - que nada era meu ultimamente.
e ainda era o último. agora que já o tenho em mãos, sei que vai fazer falta mais tarde.
cigarro é coisa que quando acaba, deixa a gente assim, querendo mais do que quereria se tivesse. desconfio que quase tudo...
tomei remédio. pra curar o enjôo de mundo que eu tava sentindo. rezei baixinho pra dar sono.
lembrei de rezar pra minha vózinha, acho que ela tá com medo criado de morrer.
coisas essas que fazem tudo parecer pequeno. tipo coração partido, que nem o meu.
acho que eu tenho medo de morrer não, meu lugar no mundo é diminuto. o da vózinha é grande.
ela sabe mais que eu.
pelo menos de português, porque ela dava aula.
até ganhei, porque eu pedi pra não roubar, um dicionário desses grandões de capa dura azul, escrito aurélio de letras douradas e garrafais. mais de duas mil páginas de palavras.
nessas horas que a gente vê que entende nada.
nem a dor da vózinha, nem a minha... que é diferente.
aí o cigarro tinha acabado.
comecei a pensar outras coisas, até suspirei sem querer.
fiquei imaginando que eu era um barquinho. inventei até que eu era bicho, mesmo que isso eu fosse.
queria ser nada. coisa sem jeito, essa. sempre a gente é alguma coisa, mesmo que não se saiba precisamente, mesmo que seja coisa nenhuma.
até me incomoda um pouco essa idéia de vazio que as pessoas têm do vazio em si.
nunca acreditei que não ser não fosse. não ter não tivesse, etc...
continuava. porque tinha também.
por isso punha a idéia de barquinho em algum lugar bonito pra deixar correr.
Nenhum comentário:
Postar um comentário